Eu fiz uma viagem.
Um sonho que durou o tempo de um texto pequeno.
Me senti como o astronauta
de “2001, uma odisseia no espaço”. Ele com sua viagem cosmonáutica e eu com
minha viagem imagética. Se a vida é uma jornada e a criatividade sempre foi
chave para a sobrevivência e para a evolução, nós somos heróis no que diz
respeito a viver.
Já passei pela fase inicial
da inocência, da ludibriação. É claro, misturamos um pouco nossos próprios
processos, moldamos a nossa consciência e vivemos outras fases da jornada ao
mesmo tempo. Não é incomum criar expectativas. Sentir-se um pouco órfão, às
vezes. Quem não é assim? Mas você aprende a usar ferramentas e enxerga outras
alternativas. Usar da (a) sua criatividade.
Seguramente não me vi saindo
do planeta ou avistei qualquer nave espacial na minha vida. Não tive esse
prazer. Ainda. A impressão que eu tenho dessa viajem que faço é de estar
observando, colhendo informações, organizando meu “aparato” intelectual, de
memória e também de vontade. Passei por algumas experiências reveladoras na
minha vida, outras nem tanto. As reveladoras são aquelas que me proporcionaram
aprendizado, crescimento interno, amadurecimento. Em geral foram benéficas,
suaves. As outras foram doloridas, pesadas. Bom, talvez eu não saiba agora, mas
o que eu vivi de “nem tão significante assim” pode ser, no futuro, a
reviravolta no roteiro. Sempre quis pilotar uma máquina espacial. De repente
aquelas aulas de matemática e física servirão para alguma coisa.
As experiências que melhor
internalizei, as que mais gostei, que mais me fizeram sentir vivo foram as que
pude desfrutar do uso da criatividade. Foram as imagens, as fotografias, o
cinema. Saí de um mundo basicamente burocrático, de papéis e carimbos, para um
mundo de incontáveis possibilidades, coisas que eu ainda não conheço. A minha
exploração é pelo desconhecido das possibilidades. Imagéticas, em geral. Sonhadoras.
Não dá para voltar. O
astronauta do filme também não podia. Ele teve que seguir em frente, utilizando
de (a) sua criatividade em prol de sua sobrevivência e evolução. Aprendeu a
utilizar as ferramentas, descobriu coisas que estavam além do alcance de suas
percepções, teve que arriscar e confiar em suas decisões. Um verdadeiro
explorador. Ele teve a sorte de se ver saindo do planeta e avistar naves
espaciais. Quem sabe se sobrevivendo e evoluindo durante minha jornada eu não
acabo um louco-bobo como ele - no final da jornada - pra saber o que vem depois?
Talvez eu não saiba ainda como pilotar uma máquina espacial, mas sinto que se eu
tiver um manual de instruções e paciência para entender os códigos, tenho
certeza que vou até júpiter. Tudo bem, tudo bem...Como não me cabem superpoderes intelectuais e
minha habilidade principal é viver, não garanto, no atual estágio da minha
jornada evolutiva, ir até Júpiter. Talvez sair do planeta.