quinta-feira, 29 de março de 2012

Eu não tenho pensado muita coisa.

Penso no sorriso.

No cheiro.

Os olhos.

Nosso gosto.

Sua pele,
tocando a minha.

Os sons.

Sorriso.

Os cabelos,
desenhando a face.


A primeira vez que eu te vi chovia tanto. E você ali, do lado daquele japonês, linda! Uma foto com algumas uvas na mão. Era uma tradição. Tinha que comer todas elas a cada segundo que passava. Era uma tradição, eu não entendia, mas achava lindo aquilo. Já tinha me entregado. Foi impressionante! A entrega ao conhecimento, à descoberta. A vontade que tinha de compartilhar as pequenas coisas em tão pouco tempo que restava. Eu ainda não entendia aquilo. Só depois.

Mas como eu sou assim, muito eu, não tive a coragem de me aproximar. Aproximar sim, mas de te falar, não. Eu era só um fragmento ainda, era só uma peça solta do mozaico, destruído pelas mãos atrozes de uma garota má, com quem tive a (in)felicidade - ainda hoje não sei - de compartilhar das minhas pequenas coisas. E terminou mal. Eu era só eu. Não podia mais pensar em compartilhamentos. Mas aí você chegou, subindo aquelas escadas, com todos aqueles amigos e toda aquela graça. Quando eu te vi...

Eu só te olhava. De canto. E de longe. Ainda arrisquei algumas palavras, alguns superlativos. Mas não tinha a coragem de pensar muito mais. Mas vá lá pensar em coragem com o peito nas condições em que o meu se encontrava! As batidas dissonantes, descompassadas. E pra entender aquilo?! Não foi simples.

Da segunda vez que te vi, não esperava. Alguém ia embora, talvez pra sempre. México, eu acho. Cruzei meu olhar com o seu em um pequenino corredor. Atei-o ao meu. Foi quase sem querer. Conversamos um pouco. Mais um pouco. Um pouco mais. Fomos tomar um ar, porque dessa vez fazia calor - ou era eu que sentia aquele calor? E conversamos mais. Universalizamos as vontades, as etnias, a cultura, o indizível. Muitos superlativos...Interminável! Parecia não haver mais ninguém por ali. O lugar estava escuro, eu só via o seu brilho. Os olhos de acento circunflexo. Um abençoado fez tocar na vitrola francesa uma valsa cigana. Não, foi um forró. Quando percebi, já dançávamos. Foi o início. Iniciou-se antes mesmo do primeiro beijo.

Quando veio...explodiu!


Desde então,

eu não tenho pensado em muita coisa.

Penso no sorriso.

No cheiro.

Os olhos.

Nosso gosto.

Sua pele,
tocando a minha.

Os sons.

Sorriso.

E nos cabelos,
desenhando a face.

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